Bleisure e workation: “O bem-estar é imensurável”, afirma sócia da A1



Em 25 anos de carreira no turismo, Dedra Freitas, gerente de Novos Negócios e sócia na A1 Inteligência em Viagens, já foi de um extremo a outro, desde vender bilhetes da Varig em tempos mais estáveis até passar por uma pandemia e ir trabalhar em home office na maior turbulência mundial das últimas décadas. A experiência na crise sanitária mudou profundamente os conceitos de trabalho, acelerando ideias que até então engatinhavam, como o home office, e turbinando conceitos de bem-estar nas empresas. Hoje, Dedra é uma entusiasta de novas tendências de viagens a negócios que antigamente seriam impensáveis, pois misturam os compromissos corporativos com doses homeopáticas (ou muito mais do que isso) de lazer, agora amplamente aceitas após o fenômeno do trabalho remoto. “O bem-estar é imensurável. Se a pessoa já está viajando, já está se deslocando para fazer negócios para sua empresa, por que não ficar um pouco mais, não é? É um ganha-ganha aí”, afirma.

A carreira de Dedra começou com formação em Turismo, MBA em Marketing e passagens pela já citada Varig e pela Transbrasil, além da rede de hotéis Blue Tree. A trajetória começou a ganhar ares inovadores quando topou com Daniel Schaurich de Oliveira. Ambos tinham pouco mais de 20 anos e Dedra o atendeu em uma loja da Varig de Novo Hamburgo, onde era consultora. 

Depois, Dedra saiu da Varig e foi para o Blue Tree. Pouco mais tarde, ao deixar a rede hoteleira e querendo voltar para o mercado de viagens, uma pessoa do setor que tinha contato com Daniel fez a ponte entre os dois, em 2004. “Na mesma hora ele me contratou. Deu dois dias e eu já estava trabalhando”, lembra Dedra sobre aquele 4 de outubro, coincidentemente, dia do seu aniversário.

Hoje, ela é uma das sócias de Daniel na A1, onde atua na função de gerente de Novos Negócios. Entre as suas missões estão buscar novos clientes e cuidar do relacionamento com os que já são atendidos pela empresa. Confira abaixo a entrevista com Dedra Freitas:

O mercado de viagens corporativas está em plena ebulição, seguindo os bons resultados do turismo em geral não só no Brasil, mas no mundo. A que se deve esse boom no setor?


Na verdade, a gente está voltando ao passado. Desde 2017, antes até, o mercado estava muito aquecido. Então veio a pandemia, em 2020, e ficou esse período sem ter muito movimento nas companhias aéreas, nas redes hoteleiras, nas locadoras de veículos. Todo mundo que faz parte dessa teia teve de se reestruturar, diminuir muito os seus colaboradores. E aí o que acontece? Aí a gente só está vendo esse boom porque justamente teve esse período de pandemia. Tem muitas empresas que ainda não estão no seu volume original justamente porque entraram outros meios de fechar negócios, de comunicar, de negociar, que são as reuniões virtuais. Antes, tinha uma comitiva de umas 10 pessoas que ficava no cliente uma semana. Hoje em dia se inicia o processo online e depois finaliza offline de uma forma mais restrita. Então, a gente só está retomando o volume que tinha no passado.

Lorena Ávila, diretora corporativa e sócia da A1

Dedra Freitas é gerente de Novos Negócios
e sócia da A1.
Foto: Carlos Macedo

O presencial nas viagens a negócios continua sendo importante mesmo após as alternativas online aceleradas pela pandemia?


Sim. Muitas vezes as viagens corporativas são o segundo, o terceiro ou o quarto maior custo das empresas porque é por meio dessas viagens que as empresas fazem novos negócios, interagem com seus clientes, visitam unidades, vão para feiras para conhecer novidades. Então, é de extrema importância para muitos mercados visitar, viajar para fazer negócios, para que tenha movimento no mercado.

A previsão é de que no segundo semestre deste ano os números sejam ainda melhores do que no primeiro, quando a A1 registrou um crescimento de 40% no seu faturamento. Pelo que você vê com seus contatos no mercado, acha que essa escalada deve continuar?


O que a gente vê é que todo mundo está na expectativa de que continue o crescimento. Talvez não cresça tanto porque a gente veio de um momento de retenção para um crescimento exponencial, mas esperamos que mantenha o crescimento.

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Os preços de passagens aéreas, diárias em hotéis e tarifas de locação de veículos estão cada vez mais altos. Esses preços ainda podem subir mais ou você acha que estamos perto de um limite?


Os preços podem subir mais porque toda a cadeia depende de inúmeros fatores. A rede hoteleira precisa se adequar a aumentos de luz, água, telefone, RH, alimentação, então isso faz com que continue tendo alta nos preços. As companhias aéreas, todas, têm custos em dólar. Tendo um aumento no dólar, as companhias aéreas terão de repassar esse valor.

Que dicas você pode dar às empresas que planejam realizar viagens a negócios para que paguem menos nesse cenário de preços altos?


Primeiro, fazer uma política de viagem adequada para o seu mercado, com regras de antecedência de viagem para compra do menor valor e que seja comunicado para os viajantes. Uma política de viagens adequada e com uma revisão a cada seis meses, porque o cenário está constantemente mudando. Depois é ter como parceira uma agência de viagens, como a A1, que tenha conhecimento e expertise no mercado. Isso porque o mercado está mudando muito, então, se você não está ligado e antenado no que está acontecendo, pode não estar sabendo das melhores oportunidades.

Que vantagens as empresas podem ter ao manter uma parceria com uma agência de viagens para os seus deslocamentos a negócios?


Um parceiro de agência ganha em fluxo, e isso dá poder de negociação com a agência e com os fornecedores. Tendo volume, em alguns fornecedores dá para tentar uma negociação e utilizar uma ferramenta de self-booking para que o processo seja mais rápido, porque quanto mais rápido o processo for, mais barato ele se torna. Os três players do mercado que mais se utilizam são carro, hotel e aéreo, e todos trabalham com tarifa flexível conforme a demanda. Então, quanto mais cedo comprar, melhor. E treinar constantemente os usuários da ferramenta, o que a gente também promove.

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Há um boom no setor de eventos, também.


Sim, a gente viu um aumento de eventos justamente porque tinha essa demanda reprimida. A pandemia atingiu todo mundo, as reuniões ficaram online, e agora as empresas estão vendo que existe, sim, a necessidade de ter o contato físico e a promoção de networking de forma presencial, muitas vezes híbrida também, mas mais físico. Então, as empresas estão destinando seus funcionários para mais eventos, para mais feiras, para mais reuniões, estão fazendo mais convenções justamente para fazer essa integração da melhor maneira possível para poder ter mais negócios.

Cada vez mais as empresas oferecem benefícios não financeiros para manter talentos e evitar o turnover. Alguns dos mais recentes têm a ver com o ramo da A1, as tendências do bleisure e do workation.


O bleisure já existia há mais tempo em grandes empresas, mas não se falava muito. Aliás, não tinha nem a nomenclatura. Mas aumentou bastante no pós-pandemia, e o que a gente tem visto é que está se tornando praticamente um direito adquirido, mas que precisa estar bem alinhado na política de viagens. Até porque as empresas estão buscando dar mais bem-estar ao seu colaborador, tirá-lo algumas vezes do home office ou do escritório para mudar de ambiente

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Você acha que esses fenômenos são temporários ou definitivos?


É uma tendência que deve permanecer, até porque essa nova geração já está vindo com isso. Eu acredito que é algo que as empresas devem olhar e implementar porque traz um benefício muito grande. O bem-estar é imensurável. O acesso à cultura é imensurável. E além disso se mostra em números, em termos de retenção de talentos na empresa. Se a pessoa já está viajando, já está se deslocando para fazer negócios para sua empresa, por que não ficar um pouco mais, não é? É um ganha-ganha aí.

Você falou na geração que está chegando às empresas. O que mais tem percebido no comportamento desse grupo, especialmente em relação a viagens?


Essa geração que está agora com 20 e poucos anos é de pessoas que são mais tecnológicas, elas têm mais acesso à informação. Muitas já viajaram o mundo inteiro porque seus pais tiveram mais condições, deram mais estudo. Elas sabem o que gostam, elas sabem para onde ir, elas planejam suas férias. E agora os da faixa etária de 20 e poucos estão tomando conta do mercado. Eles são jovens que cresceram no online, na internet, têm uma demanda diferente, uma necessidade diferente. Eles querem a solução muito mais rápido, e muitas vezes eles não têm paciência. É um desafio lidar com as diferentes gerações.

Você tem visitado hotéis e percebido o que estão fazendo para se adaptar às novas tendências que unem trabalho e lazer. Pode nos contar algumas mudanças que estão sendo realizadas?


O que tenho percebido é que os hotéis estão se organizando para manter o hóspede mais tempo com eles, pois acabam ficando no final de semana fazendo o bleisure e muitas vezes levando as suas famílias. Então, os hotéis estão melhorando a sua área de lazer, reformando suas piscinas, alguns estão colocando área para criança e para jogos. Os hotéis também estão olhando muito para o fitness, com academias cada vez mais bem equipadas. Sauna também. Restaurante, às vezes, aberto ao final de semana. Estão sendo fechadas parcerias com city tours, com receptivo, com locadoras de veículos, e os atendentes dos hotéis estão prontos para indicar restaurantes, novidades da cidade para auxiliar esses hóspedes que ficam mais tempo.

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Com tantas mudanças no mercado (muitas como reflexo da pandemia), surgimento de novas tendências de viagens, preços altos e essa ânsia das pessoas por viajar, que desafios você vê para o setor de viagens corporativas para os próximos anos?


O que a gente vê de desafios é manter a nossa equipe de atendimento constantemente treinada com todas essas mudanças que estão acontecendo no mercado. A gente tem de entender essas diversas gerações que estão viajando. Se formos ver, é gente de 20 anos, 30, 40, 50, 60, são cinco gerações com necessidades diferentes, com vontades diferentes, e a gente tem que entender essas necessidades e atender essas necessidades, verificar o que que eles querem e, dentro de todo esse mercado, oferecer a melhor opção para eles. Vemos também desafios relacionados à economia. A gente ficou muito online, e hoje o nosso trabalho tem sido estreitar cada vez mais o relacionamento com o mercado, que é gigante, os fornecedores são diversos e está tudo em constante mudança.





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